O Rio Grande do Sul foi severamente castigado na última semana por temporais que deixaram rastros de destruição por onde passaram. Na região de Ijuí não foi diferente e um dos setores mais afetados foi o elétrico. Além da instabilidade climática, outro fator relevante para os estragos nas redes de distribuição de energia da Ceriluz foram as árvores exóticas plantadas próximas a elas.

A região vem registrando nos últimos anos a incidência de fenômenos climáticos destrutivos, como ventos acima dos 100 quilômetros por hora, que por onde passam abrem caminho derrubando o que estiver pela frente. Um destes casos ocorreu na última semana, afetando principalmente o setor elétrico. A Ceriluz inclui-se entre as distribuidoras afetadas, sendo que na noite em que ocorreu o fato, 18 de setembro, praticamente 90% de seus associados ficaram desabastecidos. O estrago nas redes foi tamanho que, apesar da maioria dos casos terem sido regularizados no dia seguinte ao fato, alguns danos mais complexos só foram completamente recuperados três dias após. Entre o dia 18 e 21 foram atendidas 420 ocorrências.

Este temporal mostrou-se mais complexo pelo fato de ter tido como principal consequência a derrubada de postes, diferenciando-se dos demais dias de chuva, quando a maioria dos danos são causados pelas descargas atmosféricas que provocam a queima de transformadores e abertura de chaves fusíveis. Neste temporal registrou-se um total de 51 postes derrubados e apenas 03 transformadores queimados, além dos casos de abertura de chaves fusíveis e religadores. Contudo, o vento por si só não é o único responsável pela queda de tantos postes, até porque a infraestrutura de distribuição de energia da Ceriluz é 100% composta de postes de concreto.

DSC 0349O grande problema nestes casos é a queda de árvores sobre as redes, que provocam ou o rompimento dos condutores ou a queda das estruturas. Nos casos ocorridos, um complicador foi o fato das redes atingidas serem alimentadoras, ou seja, linhas principais que abastecem regiões inteiras. Há outro agravante nesta situação: a maioria destas árvores são exóticas, especialmente eucaliptos, plantadas pelos próprios agricultores. A estimativa é que mais de 90% dos danos foram causados por árvores plantadas próximas a rede, conforme informa o responsável técnico pelo setor de construção e manutenção de redes da Ceriluz, Bráulio Schussler. “O que a gente pede é que o associado pense nisso e evite plantar árvores próximo ou embaixo das redes, porque no momento que dá um temporal, o principal prejudicado, além da Ceriluz, será ele próprio”, solicita. Mesmo estas árvores não sendo atingidas pelos temporais o plantio delas acaba aumentando o custo operacional da Cooperativa, uma vez que ela faz periodicamente a condução (poda) das árvores para que seus galhos não provoquem curtos circuitos e quedas de energia. Schussler ressalta que essa medida pode evitar que o associado permaneça várias horas ou dias sem energia, o que prejudica suas atividades diárias, como aconteceu neste temporal.

Precauções – A falta de energia nas propriedades rurais tem como principal conseqüência prejuízos na produção e a perda de produtos. Infelizmente a Ceriluz não pode garantir que nunca vai faltar energia, uma vez que não há como controlar o clima, como bem lembra Schussler. “Muitos associados ligam para o 0800 51 3130 ou nos procuram nos escritórios solicitando que religuemos a energia, uma vez que tem animais para ordenhar, leite e carne para conservar, mas a Ceriluz não pode atender imediatamente cada caso. Nós temos que primeiro colocar energia nas linhas principais, para depois conseguirmos levar energia para cada associado”, explica. Neste sentido ele sugere que o consumidor pense em adquirir um gerador próprio de energia para estes casos. “Hoje o mercado possibilita vários modelos de geradores, cujos custos caíram, e, muitas vezes, este equipamento pode se pagar apenas evitando prejuízos nestes dias sem energia”, acredita o técnico. A única garantia que a Ceriluz pode dar é de empenho máximo para atender ao seu quadro social. Foi o que aconteceu neste temporal, quando durante a maior parte do tempo, a Cooperativa atuou com quinze equipes próprias e duas terceirizadas para regularizar o fornecimento de energia. Os colaboradores também não pouparam esforços e trabalharam noite e dia, com poucas horas de descanso. “Nossos associados precisam de energia, nós sabemos disso, mas sabemos também que cada funcionário tem sua família e a gente preza para que eles vão trabalhar e voltem em segurança para os seus lares. Levar energia, com segurança é a nossa prioridade nestes momentos”, conclui Bráulio Schussler.