História Ceriluz

O cooperativismo se constitui na história de Ijuí num dos fatores fundamentais do desenvolvimento do município. Certamente inspirados em exemplos anteriores que aqui frutificaram, um grupo de produtores rurais das localidades de Alto da União, Linha 6 Leste, Mauá, Monte Alvão, Linha 10 Norte e Linha 9 Norte, reuniram-se com o propósito de fundar uma cooperativa de eletrificação rural. Assim nasceu no dia 20 de agosto de 1966 a Cooperativa de Eletrificação Rural de Ijuí Ltda., que adotou a sigla Ceriluz. Contando com a adesão de um expressivo número de participantes, o produtor rural Reinholdo Luiz Kommers foi eleito seu primeiro presidente.

 O objetivo inicial dessa cooperativa era gerir e executar um projeto de eletrificação rural que previa beneficiar 160 propriedades rurais. Esse projeto estava orçado em 250 milhões de cruzeiros, dos quais 200 milhões seriam financiados pelo Instituto Gaúcho de Reforma Agrária – IGRA, com prazo de 180 meses e juros de 8% ao ano. Para sua execução era necessária a complementação de mais 50 milhões de cruzeiros, que deveriam ser levantados junto aos produtores, que se tornariam sócios-fundadores da Cooperativa. A adesão foi expressiva, mas inúmeros fatores burocráticos se constituíram em obstáculos que impediram que esse primeiro projeto se tornasse realidade.

 

Estruturação, expansão e resultados

A partir do ano de 1970, com a eleição do economista Nilo Antônio Francisco Bonfanti para a presidência, a Ceriluz começou a tomar novos rumos. Mesmo com uma estruturação administrativa precária nos primeiros tempos, as dificuldades foram gradativamente sendo superadas e a Cooperativa foi crescendo. Apesar de ter de enfrentar a descrença de muitos, o primeiro projeto de eletrificação rural veio a se tornar realidade com a implantação da primeira rede elétrica no interior do município de Catuípe. Essa conquista gerou entusiasmo e levou, gradativamente, a execução dos primeiros projetos de rede elétrica no interior do município de Ijuí. A implantação de uma fábrica de postes de concreto não apenas tornou a Ceriluz pioneira nessa área no Estado, como representou uma significativa melhoria na qualidade do fornecimento de energia elétrica na sua área de ação.

A construção de novas redes elétricas, especialmente no interior de Ijuí, não apenas impulsionou o desenvolvimento das áreas rurais como também teve reflexos positivos no incremento do comércio em geral, especialmente com o expressivo crescimento na comercialização de eletrodomésticos. Essa nova realidade levou também a Ceriluz a ingressar no ramo, com a abertura de uma loja de materiais elétricos, que funcionou por alguns anos, ajudando a cooperativa a tomar novos rumos nos anos que seguiram. O grande desafio da administração Nilo Bonfanti foi o acordo celebrado com a Prefeitura de Ijuí, através do qual a Ceriluz veio a encampar as redes antigas que cobriam o interior de Ijuí e os municípios de Augusto Pestana e Ajuricaba.

 

Desafios, melhorias e projetos

Ao assumir a presidência da Ceriluz no ano de 1979, Aparício Piccinin teve como um dos grandes desafios fazer com que os projetos desenvolvidos até então tivessem continuidade. Com a fábrica de postes de concreto alcançando índices de produção bastante satisfatórios foi possível desenvolver uma forte ação visando a substituição dos postes de madeira por postes de concreto. Essas melhorias propiciaram que a Ceriluz tivesse um crescimento muito grande, praticamente fechando toda a sua área de ação que na época abrangia quase 100% nos 13 municípios de sua área de ação.

Foi também nesse período que tiveram continuidade os estudos iniciais visando a produção própria de energia elétrica, sonho alimentado cada vez por maior número de associados. Antes de findar seu mandato, Aparício Piccinin chegou a visitar o local onde se cogitava, na época, a construção de uma usina no rio Buricá, no município de Chiapetta, além de incentivar o desenvolvimento de estudos aplicados na produção de energia elétrica.

 

 

Manutenção, debates e incertezas

O desenvolvimento alcançado pela cooperativa de eletrificação rural permitiu que a administração de Valdori João Dalla Rosa, no período de 1991 a 1994, tivesse sua atenção voltada, principalmente para a manutenção do estágio alcançado pela Ceriluz. Mesmo assim algumas redes foram construídas nesse período, atendendo as reivindicações de associados. Uma das preocupações dos então administradores estava voltada para a regularização das contas de energia elétrica, uma vez que o número de associados inadimplentes era bastante elevado. Também nesse período, o sonho de muitos associados da cooperativa de alcançar o estágio da construção de fontes próprias de geração de energia continuava sendo alimentado. Foram propiciadas várias oportunidades de debates sobre ao assunto, mas não se alcançou um consenso sobre a capacidade da cooperativa, através de seu quadro associativo, de assumir o desafio da construção de usina própria da geração de energia elétrica. As incertezas persistiram durante o período e com isso não aconteceram avanços nessa área.

 

Geração, avanços e conquistas

As ações voltadas para a área de geração própria de energia elétrica por parte da Ceriluz começaram efetivamente a acontecer a partir de 1995, quando José Florentino Barasuol assumiu a presidência do Conselho de Administração. Uma das suas primeiras determinações foi a liberação total ao setor técnico da Cooperativa para que fossem feitos estudos sobre a viabilidade ou não da Ceriluz entrar na área de geração própria de energia elétrica. A partir dessa determinação foram retomados e aprofundados os estudos visando à construção de uma usina hidrelétrica, com o aproveitamento dos recursos hídricos existentes na sua área de ação. Assim nasceu e veio a se tornar realidade a usina construída no rio Buricá, no município de Chiapetta, hoje denominada Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Nilo Bonfanti.

Vários estudos continuaram sendo feitos e o principal fruto foi a construção de outra usina, com 14,3 Megawatts instalados, no rio Ijuí, na Linha 3 Leste. Essa obra ficou pronta em 2003 e foi inaugurada no dia 6 de fevereiro de 2004. Mais tarde, essa usina recebeu a denominação de Pequena Central Hidrelétrica (PCH) José Barasuol, em homenagem ao presidente falecido em 2005. Esses avanços e conquistas foram fundamentais para consolidar as bases do desenvolvimento da Ceriluz. 

 

Prioridades, tecnologia e benefícios

A partir de 2005, quando o atual presidente Iloir de Pauli assumiu a titularidade do seu Conselho de Administração, a Ceriluz continuou sua ascendente trajetória, gerando palpáveis benefícios ao seu quadro social. A concessão de descontos aos associados que pagam em dia as suas contas de energia logo se refletiram não apenas numa substancial redução do número de inadimplentes como também na redução das dívidas até então existentes. A adesão a um plano de saúde junto aos hospitais vem assegurando a assistência médica tanto em nível de consultório, como ambulatorial e hospitalar, ao quadro de funcionários bem como aos associados e seus familiares.

O avanço da tecnologia implantada nos diferentes setores da cooperativa também tem apresentado reflexos dos mais positivos, o que resulta não apenas da agilização do atendimento aos associados como também numa substancial redução de custos. Outra transformação verificada nestes últimos anos e que vem apresentando resultados altamente satisfatórios diz respeito a transformação da Ceriluz em duas cooperativas, a Ceriluz Geração e a Ceriluz Distribuição, obedecendo as diretrizes estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel.

Na administração do presidente Iloir de Pauli a geração de energia se consolidou como importante instrumento de desenvolvimento social. Em agosto de 2012 entrou em operação a PCH RS-155, de 5,9 MW, este projeto totalmente vinculado à Ceriluz Geração. A partir de então surgiram novos projetos, porém estes na forma de parcerias, formando empresas limitadas. Dessa forma surgiram as PCHs Agudo (2016), em Zortéa, Santa Catarina; Forquilha IV (2020) em Maximiliano de Almeida e a CGH Igrejinha (2020), em Boa Vista do Cadeado, ambas no Rio Grande do Sul. A quarta usina integralmente do Grupo Ceriluz foi concluída em 2020, a PCH Sede II Centenária, no município de Ijuí. 

 

Um novo serviço para os associados

No ano em que atingiu seu cinquentenário, 2016, a Cooperativa passou a oferecer um novo serviço aos seus associados: a internet via fibra óptica. Para viabilizar essa atividade também foi fundada uma nova empresa, a Ceriluz Provedores de Internet Ltda. Desde então a Cooperativa vem expandindo suas redes de fibra óptica, partindo de Ijuí em direção aos outros municípios, aproveitando para isso a infraestrutura já existente para a distribuição de energia. Além da expansão própria, também realizou incorporações para acelerar essa expansão, mas sempre optando pela fibra óptica, visando a qualidade do sinal de internet.