As usinas hidrelétricas se utilizam de um recurso natural para produzir energia elétrica. Em contrapartida, os empreendedores que constroem estas estruturas têm uma série de questões ambientais a serem seguidas. Começa com o processo de elaboração dos projetos, quando são realizados estudos ambientais que incluem a avaliação da flora e fauna locais, os impactos causados e as medidas de compensação a serem adotadas. Entre estas contrapartidas está o replantio de árvores retiradas, o controle da pesca - proibida a 200 metros de qualquer estrutura da barragem (1500 m durante a piracema) - e a proibição da caça. Estas são algumas das muitas medidas adotadas pela Ceriluz nas usinas que possui em funcionamento: PCH Nilo Bonfanti (foto), PCH José Barasuol e PCH RS-155.
A proibição da caça nas usinas mostra-se uma redundância, porém é necessária. Isso porque esta prática é proibida no Brasil e, assim sendo, também no Rio Grande do Sul, último estado a adotar esta medida, conforme explica o comandante da Patrulha Ambiental de Cruz Alta, Fernando Hockmüller. “Hoje, caçar, perseguir apanhar, matar um animal silvestre é crime ambiental”, afirma. Segundo o policial esta prática ilegal leva a sérias punições, entre elas a penal, com prisão de seis meses a um ano, além de punições cíveis e administrativas. Apesar disso, conforme o comandante, a caça continua acontecendo. “A caça nada mais é que uma questão cultural, especialmente aqui no Rio Grande do Sul onde a prática se estendeu por mais tempo, por ser um dos únicos estados onde ela era permitida. Mas, logicamente, esta é uma questão de educação, de conscientização, de as pessoas se darem conta de que esta não é mais uma conduta aceita na nossa sociedade e, temos verificado, principalmente através das crianças e estudantes, que essa consciência está sendo melhor abordada”, acredita Hockmüller. Ele acrescenta que a geração mais antiga, que ainda trouxe essa cultura de seus pais e avós, se mostra mais resistente em modificar seu comportamento em relação a caça.
O comandante da Patrulha Ambiental de Cruz Alta alerta também que a população de animais selvagens vem diminuindo na região, apesar da falsa impressão do contrário, uma vez que animais são vistos em rodovias e até mesmo em áreas urbanas. “Nós estamos vendo os animais na beira do asfalto porque eles não tem mais o refúgio natural que tinham, que são as matas”, avalia. Ele relata que no seu dia a dia percebe que muitas crianças e jovens já não conseguem mais identificar alguns animais por que não convivem mais com eles, diferente de pessoas mais velhas, que tiveram os animais silvestres mais presentes. “Hoje nossa geração ainda reconhece alguns animais por tê-los visto em livros, mas pessoalmente nunca os viu e terá raras oportunidades de ver algum na natureza”, acrescenta.
Fernando Hockmüller lembra ainda que é indispensável a conscientização da população quanto a preservação do meio ambiente, optando por um desenvolvimento sustentável. “Tem que se fazer o uso dos recursos que estão a nossa volta, mas de uma forma sustentável, que é o que hoje não ocorre. As pessoas estão pensando muito na questão econômica e esquecendo da questão ambiental. Meio ambiente é um direito de todos, não pertence a uma pessoa”, conclui. A Patrulha Ambiental de Cruz Alta realiza fiscalizações constantes para coibir a caça ilegal e a pesca fora do que determina a legislação, além de outras contravenções referentes ao meio ambiente. Também verificam denúncias que podem ser feitas pelo telefone (55) 3322 8305.