“O tema energia se torna tão relevante atualmente pelo papel que ocupa no desenvolvimento da sociedade, sendo ela hoje vital, uma vez que está presente em cada momento de nossas vidas. Porém, para que essa energia siga sendo importante para a vida, ela precisa, cada vez mais, ser sustentável”. Com essa afirmação foi aberto o Seminário Internacional Sobre Energias Renováveis – Cenários na Europa e no Brasil, realizado no dia 12 de abril, no auditório do Departamento das Ciências Exatas e Engenharias da Unijuí (DCEEng), em Ijuí. O evento foi promovido por meio de uma parceria entre a universidade, a Ceriluz e a Associação DEULA-Brasil e teve como palestrante principal o professor Christian Bachnicke, da Escola DEULA-Nienburg, da Alemanha.

Christian apresentou um panorama sobre as atuais tendências de produção e consumo de energia no país Europeu. Segundo ele, vem ocorrendo um crescimento na adoção das energias renováveis, puxadas principalmente pela energia solar. Em 2011 a energia oriunda de fontes alternativas somavam aproximadamente 20% do total da eletricidade consumida. Quando se acrescenta nesse cálculo a energia utilizada para aquecimento - Alemanha é um país de clima frio - esse percentual cai para 12,2% da energia consumida no país. O professor reforça que nos últimos cinco anos os investimentos no setor cresceram significativamente, especialmente na implantação de plantas fotovoltaicas (energia solar). “Quem produz essa energia solar não são grandes empresas, grandes concessionárias, mas pessoas privadas como eu e vocês, nos telhados de suas residências”, comentou ele para o público presente, destacando a evolução da chamada Geração Distribuída na Alemanha.

DSC 0630 siteNo mesmo ano de 2011, foram investidos 16,5 bilhões de Euros na implantação de sistemas solares, recursos de consumidores que se tornaram produtores de energia. No sistema de Geração Distribuída o consumidor produz sua própria demanda e comercializa o excedente para a cooperativa ou concessionária local. O segundo maior investimento foi em energia eólica, E$ 2,95 bilhões, seguido do Biogás, com E$ 2,88 bilhões. Aparece ainda o uso da energia geotérmica, principalmente voltada para o aquecimento de residências. No meio rural chama atenção o aproveitamento dos resíduos orgânicos para a produção de energia por meio de usinas de biogás. Sobressai o fato dos alemães utilizarem plantas cultivadas - como o milho em silagem - para esse objetivo, misturando-o a dejetos animais para fermentação e produção do gás metano. Esse gás possui dupla finalidade: canalização e uso na produção de calor ou queima como combustível para a produção de energia elétrica. Estima-se que 40% de toda a produção agrícola da Alemanha esteja voltada atualmente para produção de energia elétrica e combustíveis como etanol e biodiesel. No quadro apresentado por Christian, a energia solar vem apresentando crescimento acelerado, assim como o biogás, enquanto que a energia eólica apresenta ascensão lenta e a hídrica está estacionada nos mesmos patamares nos últimos anos. “A meta da Alemanha é alcançar, em 2050, uma realidade energética 80% baseada em fontes renováveis. Contudo, essa é uma meta bastante ousada, difícil de ser alcançada”, avalia Christian, que acredita em um objetivo mais modesto, algo próximo a 65%. Ele justifica, no entanto, que esses investimentos em energia renováveis são possíveis graças a subsídios oferecidos pelo governo para estimular o setor.

DSC 0684 siteEnergia Hídrica – Enquanto a maioria das fontes renováveis de energia crescem na Alemanha, a energia hidrelétrica não apresenta evolução positiva. Christian explica que isso ocorre porque a Alemanha não possui rios nem área com características apropriadas para esse fim. “Os lugares próprios para produção de energia hídrica que tínhamos já foram aproveitados e os investimentos realizados atualmente no setor visam apenas a manutenção das usinas e o aprimoramento tecnológico destas”, afirma. Essa situação contrasta com a realidade brasileira, onde a matriz energética está baseada principalmente na energia a partir da água. Esse contraponto foi apresentado aos presentes pelo engenheiro eletricista João Fernando Costa, da Ceriluz, que apresentou a atual infraestrutura de geração de energia da Cooperativa, hoje com quatro usinas em operação e uma capacidade instalada de aproximadamente 25 Megawatts (MW). O engenheiro apresentou também as tendências para o setor no País e as perspectivas de novos investimentos, incluindo a possibilidade da Geração Distribuída.

O evento contou com a presença de um expressivo número de estudantes do curso de engenharia elétrica da Unijuí, colaboradores da Ceriluz e representantes de entidades e empresas locais. Ao final foi promovido um debate coordenado pelo professor Mateus Schonardie, da Universidade, onde as duas realidades apresentadas, Brasil e Alemanha, foram comparadas.