O contato entre árvores e cabos de distribuição de energia está entre os fatores responsáveis por interrupções no fornecimento de energia, principalmente em dias de temporais, mas também nos dias bons. Além de trazer transtornos para os associados, que ficam sem energia por tempo indeterminado, também são um desafio para os técnicos da Cooperativa para identificar o motivo da queda e o local onde o contato está acontecendo. Por isso, sempre que constrói uma rede ou quando faz a manutenção, a Ceriluz atua preventivamente e realiza a poda ou mesmo o corte de árvores sob as redes.
Foi com o objetivo de esclarecer estas regras específicas para o setor elétrico, que os técnicos da Ceriluz enfrentaram no dia 13 de junho um treinamento orientado pelo engenheiro florestal Jorge Schirmer. “Eles estão recebendo uma orientação sobre a licença de manejo dessa vegetação que nós temos, emitida pelo órgão ambiental estadual, que autoriza a fazer o corte daquelas árvores que estão ameaçando as redes”. Schirmer lembra, no entanto, que existem algumas regras específicas que precisam ser respeitadas, como cortar somente o que é necessário para desobstruir a rede.
A Licença Ambiental concedida para a Ceriluz permite a supressão de plantas nativas e exóticas sob as redes numa faixa de dez metros de largura, tendo a rede de distribuição como referência central. A autorização é gerada pelo Departamento de Biodiversidade (DEBIO) órgão ligado à Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Rio Grande do Sul. Ela é emitida pela agência localizada no município de Santo Ângelo, considerando que as redes da Cooperativa alcançam 23 municípios regionais. “O objetivo desse trabalho de roçada, poda ou corte de árvores é evitar que aconteça a queda de galhos e árvores sobre a rede, de forma preventiva e é importante solicitar que os associados, sempre que encontrarem um local onde há essa situação, com a vegetação já próximo da rede, avisem a Cooperativa”, afirma Schirmer. A Ceriluz ainda atende áreas urbanas, principalmente nos municípios de Bozano, Nova Ramada, Coronel Barros e arredores de Ijuí, onde a população planta árvores nos passeios públicos, também embaixo de redes, o que exige uma atenção especial. “Nessas situações é preciso fazer um manejo diferenciado, com uma poda de condução de maneira que não prejudique as árvores que estão ali plantadas”. Schirmer recomenda ainda que os consumidores dessas áreas, assim como os do meio rural, evitem plantar árvores de grande porte embaixo das redes, optando por arbustos e flores, sendo importante buscar orientação junto aos órgãos de urbanização ou mesmo com profissionais qualificados.
Lenha para o Meio Rural – Assim como a Cooperativa precisa ter a Licença Ambiental para realizar o corte de árvores nativas, os produtores rurais também precisam ter essa autorização. O engenheiro florestal Jorge Schirmer esclarece que essa licença é emitida pelos órgãos competentes, como o DEBIO, já citado, ou mesmo por órgãos municipais, quando estes já estão habilitados para isso. “O agricultor que quiser fazer o aproveitamento de alguma árvore que esteja na sua propriedade, para cerrar madeira ou para outra finalidade, precisa se dirigir a prefeitura do seu município para verificar qual a documentação que ele necessita para esse licenciamento. Quando a prefeitura não dispõe dessa equipe autorizada para fazer o licenciamento, ele precisa se dirigir ao órgão florestal estadual, sendo as agências mais próximas em Santo Ângelo ou Santa Rosa”.
O engenheiro florestal lembra, no entanto, que árvores secas, que caíram por algum fenômeno natural, podem ser aproveitadas, desde que dentro da propriedade, sem serem transportadas. Contudo, essa regra não se aplica para Áreas de Preservação Permanentes (APPs) localizadas às margens de rios e córregos. “Existe uma faixa de proteção de no mínimo 30 metros no entorno dos riachos e rios da nossa região, em rios maiores essa faixa chega até 50 metros, onde não podem ser cortadas árvores, mesmo aquelas derrubadas pelo vento, por se tratar de uma região especial, e a retirada dessas árvores está sujeita a uma autuação do órgão ambiental”, alerta Jorge Schirmer. Para uso nas propriedades, especialmente como lenha, ele recomenda o plantio de árvores como o eucalipto, uva do Japão, cinamomo ou outra espécie exótica.
Para ouvir a entrevista completa com o engenheiro florestal clique no play.